sábado, 14 de agosto de 2010

Vamos dar um Berro!


Sentir ódio é ruim. Já dizia nossa mãe, nossa vó, a professora e o padre. Mas não somos feitos apenas de bons sentimentos, sabemos disso. Sentimos ódio sim. Inveja, ciúme, ressentimento.
Não precisamos declarar isso em alto e bom som como se
se fosse motivo de orgulho, mas os maus sentimentos existem, e se não aceitarmos isso que será feito deles?
Vivemos tentando guardar uma raivinha ali, uma revolta aqui, uma frustração acolá. Mas apesar disso, eles ainda estão em nós, esperando para serem diluídos ou nos consumirão vagarosamente.
Devíamos nos permitir um bom berro de vez em quando.
Sério, é bom, alivia mais do que palavrão.
Está certo que quem nos ouvir berrar vai ficar com aquela
cara espantada, mas duvido que falem algo porque além do
receio de sermos loucos ainda haverá aquela vontade de
berrar igual a nós.
Aquele gutural bem dado que metaleiro nenhum pode pôr defeito.
Aquele berro composto de todas nossas frustrações e todos os maus sentimentos - que apesar dos pais e dos padres, existem.
Dê um berro porque este é feito de dentro para fora, como uma faxina interior. Guardar os maus sentimentos nos cômodos da alma funciona só até o ponto em que acabam as gavetas.
Não acumule maus sentimentos. Aceite-os como frutos
do nosso ser limitado e imperfeito.
Se é impossível deixar de tê-los, sinta-os, bem fundo.
Correndo-o, lavando-o com a acidez do ódio, depois
berre-os e expulse-os. Daí, cultive o amor, o perdão, que vai remendar-lhe a alma antes corroída. Evite o perigo dos maus sentimentos saírem das gavetas todos de uma vez, causando danos talvez irreparáveis.
Gargareje a alma e deixe brotar aquele berro lá do fundo...
Acalmando... Aliviando... Aliviado... Extravasado.

Olhares

Há olhares que nos olham e não nos veem
e há olhares que nos olham e nem vemos
Há olhares que avisam
Olhares que analisam
Olhares distraídos que apenas passam
Olhares perdidos que se acham
Há olhares que admiram
e olhares que cobiçam
Olhares que inflam o ego
e outros que encafifam
Olhares gélidos e calientes
Sisudos e sorridentes
Abertos e misteriosos
Límpidos e nebulosos
Há olhares confusos
e olhares que nos confundem
Olhares certeiros
e outros que iludem
Olhares casuais
e olhares cheios de promessa
Olhares mudos
e olhares que dispensam conversa
Olhares de todos os jeitos
e por todos os lados
Tímidos, amuados, calculados
Uns que medem, uns que assustam
Uns que até hipnotizam
E há os olhares apaixonados
Mas estes pares se encontram muitas vezes fechados.