Não precisamos declarar isso em alto e bom som como se
se fosse motivo de orgulho, mas os maus sentimentos existem, e se não aceitarmos isso que será feito deles?
Vivemos tentando guardar uma raivinha ali, uma revolta aqui, uma frustração acolá. Mas apesar disso, eles ainda estão em nós, esperando para serem diluídos ou nos consumirão vagarosamente.
Devíamos nos permitir um bom berro de vez em quando.
Sério, é bom, alivia mais do que palavrão.
Está certo que quem nos ouvir berrar vai ficar com aquela
cara espantada, mas duvido que falem algo porque além do
receio de sermos loucos ainda haverá aquela vontade de
berrar igual a nós.
Aquele gutural bem dado que metaleiro nenhum pode pôr defeito.
Aquele berro composto de todas nossas frustrações e todos os maus sentimentos - que apesar dos pais e dos padres, existem.
Dê um berro porque este é feito de dentro para fora, como uma faxina interior. Guardar os maus sentimentos nos cômodos da alma funciona só até o ponto em que acabam as gavetas.
Não acumule maus sentimentos. Aceite-os como frutos
do nosso ser limitado e imperfeito.
Se é impossível deixar de tê-los, sinta-os, bem fundo.
Correndo-o, lavando-o com a acidez do ódio, depois
berre-os e expulse-os. Daí, cultive o amor, o perdão, que vai remendar-lhe a alma antes corroída. Evite o perigo dos maus sentimentos saírem das gavetas todos de uma vez, causando danos talvez irreparáveis.
Gargareje a alma e deixe brotar aquele berro lá do fundo...
Acalmando... Aliviando... Aliviado... Extravasado.