quarta-feira, 28 de julho de 2010

Amor Sepultado

De pá em riste
Fui para o final triste
De um amor não dado
E não recebido
Belo teria sido
Se ao menos fosse exposto
Mas para meu desgosto
Era um amor proibido
Enxuguei as lágrimas
Não houve outro jeito
Cavei fundo e profundo
Sua cova em meu peito
Por um amor não dado
Fiquei de mãos e alma vazias
Em meu coração está enterrado
Mas levo flores todos os dias.

Vá mas antes liberte-me!


Fique com as canções gravadas
mensagens enviadas
Já não me fazem falta
Guarde na caixa os versinhos
e os corações com carinho
desenhados na folha sem pauta.

Guarde os livros comprados
os cd's já arranhados
Faça bom proveito
Queime o casaco prurido
e o amor construído
com o mais puro que havia em meu peito.

Esqueça as flores catadas
e as cartas dadas
Faça como se não existisse
Anuncie os nossos antigos segredos
e nossos bobos medos
de que alguém passasse e nos visse.

Ignore os velhos telefonemas
só para ouvir seus problemas
Ou apenas ouvir sua voz
Esqueça as sessões das duas
são lembranças só suas
o amor que habitava em nós.

Pode ficar com qualquer coisa material
qualquer coisa antes especial
Já não faço questão
Devolva-me apenas aquele cordão
com chave em forma de pingente
preciso de forma urgente
Libertar meu coração.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ser MULHER



Ser mulher é
ter toda aquela doçura
e revestir-se com a armadura
Que não nos deixa abater
Apenas lutar e crer.
Sexo frágil o nosso?
Eles tentam se convencer...
Deixemos pensarem que mandam
que fingimos obedecer.
Mulher é a canção mais cantada
é o ardor, é a beleza
É o farfalhar dos vestidos
Caídos com toda leveza.
Ser mulher é ter toda aquela poesia
no olhar e na voz
É ser uma gatinha manhosa
É ser uma leoa feroz.
Mulher é toda a valentia
Mulher é toda a coragem
É batalhar dia após dia
Sem borrar a maquiagem.
É a emoção racional
É a razão emotiva
É ser dona da paixão
e dela tornar-se cativa.
Ser mulher é ter toda aquela bravura
E toda aquela loucura
Que a faz jogar tudo para o alto
E então correr para os braços do amor
- De salto.

TÉDIO

Cada dia passa arrastado
E eu me arrasto em meus passos

Não me venha com um remédio
Isso é só um grande tédio
Que me puxa para baixo
Que me faz querer dormir
E um segundo passa lento
E o tempo passa longe
É melhor me deixar ir

Tento ficar acordada
Mas a vida mecanizada
Me faz querer desistir
Porque nada, nada acontece
E então esse vazio cresce
É melhor me deixar ir

Nostalgia que me envolve
Corpo trava, não se move
Não vou nem tentar fugir
Como escapar disso?
Já perdi todo meu viço
É melhor me deixar ir

Já faz tempo que nem luto
Grito e o som é surdo
É melhor não reagir
Então inerte e passiva
Passo a vida tão esquiva
É melhor me deixar ir

Cada dia passa arrastado
E eu me arrasto em meus passos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

FUJA DAS FUGAS VIRTUAIS



E lá se foram os cartões de aniversário escritos a mão, os telefonemas sem assunto, as paqueras nos barzinhos.
" Evoluímos". Trocamos felicitações por scraps, o bendito ovo frito por comida congelada.
Temos amigos que não vemos, vizinhos que não cumprimentamos,
bom-dias que não são respondidos. Falamos com as paredes, mas estas não são boas companhias, frias, apáticas, nada participativas na conversa; Então falamos  sozinhos mesmo ou navegamos " na rede" à procura de um porto seguro onde possamos ancorar. Daí expomos nossos anseios, nossos fetiches, nossas fragilidades todas,
e o medo de parecermos ridículos se esvai pois não há quem vá nos repreender ou julgar.
Mas chega o momento da despedida, e não há beijo no rosto, abraço, ou aperto de mão sequer. É só um x a ser fechado, uma janela a ser minimizada, um monitor a ser
deligado. E a tela preta nos faz lembrar o negrume da solidão, das nossas carência, de tudo o que nos deprime.
E lembramos de como era bom falar nada com as amigas, os gritos do pai, os berros da mãe, rir de besteira, tropeçar, tomar um porre, caldo na praia, declarar-se para a pessoa errada, falhar... oh, meu Deus, quão libertador pode ser a descoberta de que tudo está errado,
a glória de chorar, a dor do amor não-correspondido, porque estas não se comparam a dor do  amor não dado, dor da incerteza constante, dos "ses" que latejam na cabeça, do não ousar, não arriscar, não mergulhar de cabeça, não entregar-se, não experimentar, não doar-se, não viver verdadeiramente.
Pois como dizia o poeta Veríssimo: " Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive, já morreu."

A Espera



Eu espero alguém
que não sei se vem
Não marquei hora, nem lugar. 

Mas apesar do mistério
é compromisso sério
Que vale a pena esperar.

Eu que sou muito ansiosa
fico já toda nervosa
e vou pra janela olhar.

Qualquer coisa só dele
um passo que o revele
pra o coração disparar.

Qualquer olhar que me olhe
e vá além dos meus olhos
possa minh'alma enxergar.

Mas esse alguém é matreiro
e não vem logo ligeiro
quer me fazer cansar.

Deve estar vindo de jegue
e é provável que chegue
quando eu desistir de esperar

Praí mudar o meu mundo
e em só um segundo
fazer a vida funcionar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Bons tempos aqueles...


Viva la Revolución



Antigamente (nem tão antigamente assim), quando não tínhamos a "liberdade" de hoje, quando a censura reprimia severamente qualquer manifestação contrária aos interesses do governo, era aí que pintavam as caras, que saíam às ruas, que se armavam de palavras.
Justa e ironicamente quando não éramos livres, nós éramos livre; nem que fosse pelo fato de buscar a liberdade.
Hoje, quando a censura se faz de inexistente, quando temos um grande acervo de livros, autores, teorias, ideias e ideais, quê fazemos? Que novos Engels, Marx's, Webber's surgiram? Quê reformas fizemos? Que vozes se fizeram ouvir?
Há uma incrível inércia, regida por sem-fins de "nunca vai ser perfeito", de "é impossível fazer mudanças".
Será mesmo impossível mudar?A abolição dos escravos já não foi considerado impossível?
A integração feminina no mercado de trabalho já não foi?
Tantas mudanças que subestimavam, e aconteceram.
Mudanças sociais podem ocorrer de forma lenta, mas sempre acontecem, ininterruptamente.
Está lá a primeira folha da Constituição: " O poder emana do povo". E que poder seria esse?
A voz? O voto?
Os dois, fomentados pelo elemento principal: o CONHECIMENTO.
Não se luta por direitos que não se sabe ter. Conhecimento é poder, daí o motivo de tão pouco investimento na educação, de tão pouco interesse em nossos educadores.
Não traz vantagem alguma à classe dominante ver a massa adquirir conhecimento, desenvolver senso crítico, questionar, refletir, apurar.
Para eles está mais do que bom a nossa alienação, o nosso desinteresse pela política, pelos nossos direitos, a nossa "memória curta" na hora de votar, a nossa ânsia consumista.

Esconde-esconde


Eu consegui deixar as bonecas de lado, mas brincar de esconde-esconde continua sendo um vício para mim.
É o meu esconde-esconde da vida, esconde-esconde do amor, esconde-esconde dos desafios... E nesse esconder vou ficando perdida de mim mesma, e não há mais ninguém no jogo para me achar.
         Desde pequena eu brinco de esconder-ne, de tornar-me invisível, de trancafiar-me em meu pequeno mundinho. Era tanto medo de aparecer, ficar na luz e, de repente, sei lá, todos apontarem minha falhas, meus defeitos todos.
         E assim fui me escondendo porque me pareceu mais fácil fugir, ficar incógnita, mas agora dói, agora o esconderijo tornou-se sufocante, eu preciso de ar, eu preciso de luz. Não quero mais ser invisível, não quero mais esconder-me da vida. Preciso encontrar-me, preciso sair detrás da clareira, "bater o pique" e anunciar: "Aqui estou eu. Eu estou aqui!"
Não posso mais ficar abaixadinha, caladinha, temerosa de que me encontrem. É hora de "bater o pique", eu estou fora do jogo.
                        "1,2,3 pique-bóia, Renata".